É muito provável que esteja se referindo à espécie puladeira-havaiana (Amynthas gracilis), uma minhoca originária da Índia e dos Arquipélagos Malaios e que se disseminou nos trópicos através da ação do homem, principalmente por ter sido trazida nos substratos de mudas de plantas importadas de lá.
O comportamento arisco desta minhoca diferente da quietude da espécie vermelha-da-califórnia (Eisenia andrei) que mantém em seu minhocário é explicável. Nesta espécie, é muita mais aguçada a tigmotaxia, um tipo de reação comum em todas as minhocas que as estimula a buscarem por algum substrato que envolva a maior parte da superfície de seu corpo, sempre que for removida do substrato em que vive e que for exposta à luminosidade.
Esta minhoca deve ser endêmica em sua região e vive nos arredores do terreno onde prepara a sua matéria-prima. Quando os resíduos orgânicos atingem o estágio final de tratamento e que se tornam assimiláveis às minhocas, a puladeira-havaiana invade os montes.
Considerando-se que seu minhocário é conduzido pelo sistema vertical de minhocultura, o Minhobox, a única explicação para estas minhocas terem invadido as caixas fechadas e suspensas na estante é de terem sido carregadas para lá misturadas ao substrato.
Por se tratar de uma espécie anécica — a categoria em que se agrupam, por preferência de ambiente, espécies de minhocas habitantes do solo mineral e que sobem à superfície para se alimentar da camada abundante de matéria orgânica — um estrato inferior de terra é imprescindível à sobrevida da puladeira-havaiana. Enquanto sobreviverem convivendo com as minhocas do seu criatório, não há possibilidades fisiológicas para a ocorrência de um cruzamento que pudesse gerar indivíduos híbridos. Por fazer parte de uma população relativamente pouco numerosa e não estar sob as melhores condições de vida, a puladeira-havaiana não competiria por alimento de forma significante com a vermelha-da-califórnia.
Os nomes que vulgarmente recebe a Pheretina hawayana de puladeira, bailarina, minhoca louca e pula-pula, se devem ao tigmotactismo aguçado que ocorre na espécie. Ou seja, a necessidade que tem esta minhoca de perceber sempre seu corpo recoberto por algo é bastante proeminente, o que lhe provoca alvoroços e debatiduras sempre que molestada e desenvolta à luz. Pelo mesmo reflexo, se justifica a reação abrupta de retrair para dentro da galeria a extremidade de seu corpo eventualmente exposta, sempre que receber um estímulo táctil. O reflexo de movimento súbito que provoca a contração rápida de todo o corpo da minhoca mediante qualquer tipo de toque, chamado de Zuckreflex ou startle response, é também muito saliente na espécie. Como as outras espécies do gênero Pheretina, a puladeira havaiana reage à pequenas vibrações no solo que habita, ratificando a sensibilidade ao longo de seu corpo superior à de outras minhocas.
Pertencente à família Megascolecidae, a puladeira-havaiana apresenta corpo cilíndrico pigmentado na face dorsal em marrom escuro com reflexos de violeta e o lado ventral tem coloração aproximada à cor creme. Os indivíduos com aptidão reprodutiva apresentam clitelo esbranquiçado, bem aparente, com formato de anel, localizado entre os segmentos 14 e 16. Com espessura aproximada de cinco milímetros e comprimento médio de dez centímetros, a puladeira-havaiana utiliza papilas genitais para se fixar à parceira durante cerca de cinco horas de cópula, sem secreção de cápsula envoltória na região de junção. Logo após o acasalamento, a dupla de minhocas produz casulos esbranquiçados, arredondados e relativamente muito pequenos, se comparados aos casulos gerados por outras espécies menos compridas.
O tratamento dos resíduos orgânicos por que devem passar em qualquer minhocultura para se converterem em alimento para minhocas é um ambiente atrativo à espécie puladeira-havaiana (Amynthas gracilis) porque reproduz as condições de seu habitat. Na natureza, como integrante do grupo das anécicas, esta minhoca vive no solo mineral e sobe à superfície para buscar alimento, onde, normalmente, há disponibilidade maior de matéria orgânica proveniente da decomposição de restos vegetais e fezes de animais. Se as leiras, preferencialmente as já preparadas e umedecidas, estiverem dispostas sobre um terreno onde ocorra esta espécie, a invasão será inevitável. Misturada ao substrato, esta minhoca é levada ao minhocário e juntada à população do criatório.
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