Portal da Minhoca

Letra P

PAPILAS COPULATÓRIAS - são cerdas modificadas no animal adulto e sexualmente maduro que se situam nas vizinhanças das espermatecas de algumas espécies de minhocas. Durante as várias horas de acasalamento, as minhocas ejetam as cerdas copulatórias, como também são chamadas, e as fixam no corpo da conjugante, para uni-las e facilitar o recebimento do liquido seminal.

PAPO - é um compartimento alargado do tubo digestivo da minhoca revestido por uma parede fina localizado entre o esôfago e a moela. É no papo, também conhecido como proventrículo, que o alimento ingerido pela minhoca que chega do esôfago permanece armazenado antes de chegar na moela para ser triturado e transformado numa massa semilíquida.

PARTENOGÊNESE - é o tipo especial de reprodução em que se gera um indivíduo a partir do desenvolvimento de um ovo não fecundado ou sem a entrada de espermatozóide. Há cerca de 30 espécies de minhocas que se procriam através da reprodução uniparental que dão origem a descendentes também férteis e hermafroditas, mas que assim se reproduzem por poucas vezes.

PASSAGEM - é a segunda etapa do ciclo do sistema de minhocultura em caixas, o Minhobox, em que as minhocas, à procura de ambiente mais favorável com maior umidade e disponibilidade de alimento, durante 5 dias, se transferem da caixa consumida para uma outra disposta por baixo com substrato renovado. A passagem pode ser flagrada ao se levantar a caixa superior, quando se vêem minhocas dependuradas.

PECILOTERMO – é a propriedade das minhocas de não poderem regular a temperatura interna do corpo por desproverem de meios fisiológicos para tal, que as engrupa como animais de “sangue-frio”. Assim, a temperatura corpórea das minhocas, por igualar-se sempre à do ambiente em que vivem, influencia diretamente na intensidade de suas atividades.

PEDOTÚBULO - é um pequeno tubo formado no solo pela ação de raízes e criaturas edáficas que tem papel importante no escoamento das águas pluviais e na porosidade da terra. Os pedotúbulos gerados por minhocas, uma particularidade das espécies geófagas e anécicas, são decorrentes do deslocamento em solos compactos que, ao dilator seu corpo, molda o túnel ao excretar o líquido celomático, mantendo as paredes revestidas e firmes.

PÊLOS GENITAIS - são cerdas modificadas localizadas na parte ventral do corpo da minhoca próximo do clitelo, que auxiliam na fixação dos indivíduos durante o acasalamento. Mais salientes do que as demais cerdas, os pêlos genitais das minhocas em cópula entranham-se no corpo delas e, colaborados com o invólucro produzido pelo clitelo, garantem a união por várias horas.

PENEIRA - é o utensílio usado na minhocultura para separar as partes não humificadas do substrato e os resíduos do húmus que será destinado à comercialização. Às vezes usada também para separar minhocas do húmus, a peneira é fabricada em telado ou chapas perfuradas com malha variando de dois a dez milímetros e varia conforme a tração e o tipo: elétrica ou manual, diagonal em formato “A”, plana (suspensa em balancim, vibratória ou oscilatória) e cilíndrica.

PENEIRAMENTO - é a prática de beneficiamento do húmus para separá-lo das minhocas, eliminar resíduos e partes não consumidas do substrato para o aspecto final, principalmente para comercialização em sacos plásticos de pouco peso. O peneiramento, geralmente feito em duas granulosidades, malhas de 2 e 4 mm, pode usar peneira de mão, suspensas em balancins e diagonais ou elétricas planas – vibratórias ou oscilatórias – e cilíndricas.

PENIAIS – são cerdas diferenciadas para a reprodução, localizadas ventralmente no corpo de minhocas adultas e próximas aos seus poros masculinos. Durante as várias horas do acasalamento, uma minhoca da família Tubificidae, por exemplo, ejeta este tipo de cerdas genitais e as fixa no corpo da parceira durante a cópula para uni-las e lhes facilitar no acasalamento e na troca de sêmen.

PEPTONEFRÍDEOS - são glândulas salivares que localizadas na região proximal do tubo digestivo detectadas em minhocas da família Enchytraeidae. Se forem tubulares, em número par ou ímpar, ramificados ou não, e se prenderem à faringe, se denominam de peptonefrídeos faríngeos. Se forem similares, mas arredondados e presos ao esôfago, se denominam de peptonefrídeos esofágicos.

PERIQUITINA – é um dos tipos de disposição das cerdas – pêlos inseridos em quase todos os segmentos do corpo da minhoca com a função primaria de locomoção – quando há mais de quatro pares por metâmero dispostas em anel localizadas na região média ventral de cada segmento. Algumas espécies de minhocas da família Octochaetidae possuem cerdas dispostas alternadamente sob os arranjos de periquitina e lumbricina.

PERÍSTOMA - é o nome que recebe o primeiro segmento do corpo da minhoca, onde se localiza a boca, que pode se separar por um sulco contínuo ou não com o prostômio – a projeção anterior e dorsal à boca que seleciona o alimento e direciona as escavações. O perístoma em algumas espécies de minhocas, como as da família Glossoscolecidae, invagina para o interior da cavidade bucal e dificulta a taxonomia.

PERISTÔMIO – é o primeiro segmento do corpo de uma minhoca e o que circunda sua boca. Embora sem cerdas nas minhocas, o peristômio na classe de seus primos marinhos, os poliquetas, pode portar órgãos sensoriais, conter palpos, tentáculos e antenas. A simples existência de um sulco separando o peristômio do segundo segmento, o prostômio, é de suma importância taxonômica porque classifica espécies de minhocas.

PERITÔNIO - é o revestimento da superfície interna da parede do corpo da minhoca constituída por um tecido tegumentar simples que limita externamente o celoma. Considerando o corpo da minhoca como um tubo dentro de outro com folga, o peritônio seria o revestimento interno do tubo de fora.

pH - é um valor de escala exponencial que representa a força de um ácido ou base indicada pelo número relativo de íons de hidrogênio (H+) ou hidroxila (OH-) presentes numa determinada solução. O pH que varia de 0 a 14, se apresenta neutro no húmus de minhocas, portanto bem próximo de 7, e as espécies comerciais vermelha da califórnia (Eisenia andrei) e gigante africana (Eudrilus eugeniae), apesar de preferirem substratos balanceados, têm certa tolerância por ambientes ácidos, com pH até 5,5.

PIGÍDIO - é o último anel localizado na extremidade posterior do corpo da minhoca, pouco desenvolvido, sem celoma e onde se abre o orifício anal que ejeta seus excrementos na forma de aglomerados.

PIGMENTAÇÃO - é a coloração do corpo das minhocas variável conforme as numerosas espécies, estado fisiológico, idade e conteúdo do substrato ingerido. Avermelhadas, amarronzadas, esverdeadas, esbranquiçadas, despigmentadas, listradas, nuançadas e salpicadas são as formas com que as minhocas se colorem.

PILHA - é a conformação piramidal que se dá aos resíduos orgânicos durante o tratamento a céu aberto a que se submetem sob o método da compostagem para a obtenção de adubo, que favorece a drenagem da água pluvial. A pilha é dimensionada prioritariamente conforme a forma de revolvimento para arrefecimento do seu interior e incorporação de ar aos microrganismos aeróbios decompositores: mecanizada ou por enxada.

PIOLHO-DE-COBRA - é um diplópode de corpo cilíndrico colorido brilhantemente em castanho que se locomove lentamente por dezenas de pequenas patas, em ondas de trás para frente. Apesar de se presumir que este artrópode seja um predador de minhocas, o bongô (Gymnostreptus olivaceus), sua outra denominação, é também decompositor e detritívoro, podendo ser encontrado em matérias-primas da minhocultura, especialmente restos vegetais, e habitando o próprio minhocário.

PLANÁRIAS - são platelmintos de habitat aquático ou úmido, com cabeça semicircular, corpo cilíndrico, fino e ventralmente achatado que pode atingir até meio metro de comprimento. Entre mais de quinze mil espécies, as planárias terrestres Bipalium kewense, Artioposthia triangulata, Geoplana sanguinea e Dolichoplana striata são as mais importantes na minhocultura por serem naturalmente predadoras de minhocas.

PLASMA - é a porção fluida do sangue da minhoca, que contém os amebócitos, os glóbulos brancos que se movem e mudam de cor, e hemoglobina, o pigmento respiratório nela dissolvida que lhe confere a coloração avermelhada. Em certas espécies, que têm parede do corpo apigmentada e portanto transparente, é a coloração do plasma que determina a cor da minhoca.

POLIHÚMICA - é a classificação entre as espécies endogéicas de minhocas que habitam o solo fértil com alta concentração de matéria orgânica, correspondente ao horizonte A, sem pigmentação, constroem túneis horizontais e têm tamanho menor que quinze centímetros. A espécie Dichogaster affinis é uma das representantes de minhocas endogéicas polihúmicas.

POLIQUETA - é a classe de anelídeos em que se agrupam 5340 espécies predominantemente marinhas que apresentam segmentação externa e internamente. Os poliquetos se diferem das minhocas por apresentarem tentáculos na região cefálica, terem sexos separados, possuírem estágio larval de natação livre e muito mais cerdas (gr. Poli, muitas + chaete, cerdas), estas implantadas em parapódios laterais existentes em cada segmento.

POPULAÇÃO - é a designação que se dá a todos as minhocas de uma mesma espécie que vivem numa determinada área com características próprias de densidade, natalidade, mortalidade, distribuição etária, potencial biótico, dispersão e forma de crescimento. O tamanho e a composição populacional de minhocas num habitat são determinados em número ou peso por peso de substrato por diversos métodos químicos e físicos.

PORFIRINA- é a substância química de coloração vermelha-escura, isenta de ferro ou de magnésio, derivado do pirrol — composto heterocíclico, cujo anel tem quatro átomos de carbono e um de nitrogênio — que é responsável pela pigmentação de muitos seres vivos. A coloração das minhocas é principalmente determinada pela presença da porfirina, presumidamente originada da ação degradadora de suas células cloragógenas.

PORÓFORO – é a designação que se dá às regiões diferenciadas que podem ocorrer na extremidade anterior do corpo das minhocas em volta de cada orifício genital, sejam dos poros masculinos, dos poros femininos e dos poros das espermatecas. A visualização dos poróforos é importante na taxonomia (identificação das espécies) de minhocas.

POROSFERA - é, segundo o cientista Vannier, G. (1973), o ambiente formado pelos poros e outros espaços vazios, que pode ou não abrigar organismos, e o solo imediatamente circundante que influi e é influenciado por esses organismos, não importando a origem desses poros. A porosfera varia em conformidade com a atividade da biota associada ao solo, como raízes, microfauna e, em especial, a macrofauna, principalmente representada pelas minhocas.

PORO DA ESPERMATECA - é o orifício por onde desemboca o duto da espermateca, a cavidade saciforme que armazena os espermatozóides gerados no acasalamento das minhocas até serem expelidos na fertilização dos óvulos, durante a formação das ootecas. A minhoca puladeira havaiana (Amynthas gracilis), por exemplo, tem três pares de poro da espermateca localizados entre os segmentos cinco e oito de seu corpo.

POROS DE TRANSMISSÃO - são as galerias verticais construídas pelas minhocas que interligam as camadas superficiais às camadas mais profundas do solo favorecendo a passagem da água entre os dois níveis. Os poros de transmissão formados por alguns minhocuçus, por exemplo, de tão espessos, constituem-se em ralos de escoamento em regiões inundadas periodicamente por cursos d’água.

POROS DORSAIS - são inúmeras aberturas externas localizadas na linha média dorsal dos segmentos, com exceção dos primeiros, que unem a cavidade interior, o celoma, com a superfície do corpo da minhoca. São por estes orifícios que é eliminado o líquido celomático que mantém a cutícula úmida favorável às trocas gasosas, à locomoção, ao acasalamento e que defende a minhoca contra parasitas.

POROS FEMININOS - são orifícios em números pares ou ímpares, dependendo da espécie, que se abrem sempre anteriormente aos poros genitais masculinos na face ventral do corpo da minhoca, por onde se desembocam os ovidutos carregando os óvulos. É através dos poros genitais femininos que, depois da cópula, os óvulos são lançados nos casulos que se escorrega pelo corpo da minhoca. Ao passar pelos poros das espermatecas, encontra-se com o sêmem então ejetado para ocorrer a fertilização.

POROS MASCULINOS – são orifícios que se abrem em número de dois na face ventral do corpo da minhoca e se unem às espermatecas de outra minhoca para lançar o líquido seminal quando na situação de acasalamento. Localizando-se sempre após os poros genitais femininos e poros das espermatecas, os poros genitais masculinos se localizam próximo dos pêlos genitais que contribuem pela junção das minhocas durante a cópula.

PREDADOR - é a designação dada a qualquer ser vivo que captura ou apreende um outro para lhe servir de alimento. Dentre os principais predadores da minhoca como algumas espécies de formigas, aves, toupeira, ratos e outros, destaca-se a sanguessuga, um anelídeo que se fixa por uma ventosa no corpo da minhoca e com a boca suga-lhe o sangue.

PROEPILÓBICO - é um tipo de prostômio — a projeção que se antepõe ao primeiro anel do corpo da minhoca, o nefrístoma, rica em terminações nervosas, utilizada na locomoção para perfurar e desimpedir seus caminhos — que é embutido no primeiro segmento, separando-se por um sulco arqueado ou anguloso.

PROLIFICIDADE - é a qualidade de prolífica que possui uma espécie de minhoca. A vermelha-da-califórnia (Eisenia andrei), por exemplo, tem características reprodutivas que a particularizam como uma espécie de expressiva prolificidade: gera quantidade elevada de casulos com período de incubação curto e eclodibilidade alta, atinge maturidade sexual com precocidade e se acasala com intensidade.

PROLÓBICO - é um tipo de prostômio – a projeção que antepõe ao primeiro anel do corpo da minhoca, a boca, rica em terminações sensoriais, utilizada na locomoção para perfurar e desimpedir seus caminhos em solos até mesmo compacto – que é separado com o primeiro segmento por um sulco transversal.

PROPRIORRECEPTORES – são alguns de uma ampla variedade de tipos de receptores nervosos distribuídos por todo o corpo da minhoca que registram as deformações no corpo decorrentes do movimento do animal, do seu peso e de forças externas. Ao se apertar uma minhoca com os dedos, são os pequenos grupos celulares constituídos pelos propriorreceptores que perceberão o estímulo para induzi-la a se livrar do incômodo.

PRÓSTATAS - são duas glândulas lobulares com aspecto de uma massa achatada e de bordos digitados emergentes em cada lado do intestino da minhoca, que se dividem em dois tipos conforme apresentarem ou não cavidade central: tubular e racemosa. As glândulas prostáticas, como também são denominadas, têm ducto musculoso em forma de “s” invertido e se abrem na superfície pelos poros prostáticos.

PROSTÔMIO - é a projeção dorsal que antepõe-se ao primeiro anel do corpo da minhoca, a boca, rica em terminações sensoriais e utilizada na locomoção para perfurar e desimpedir seus túneis: o seu lábio superior usado para escavar suas galerias.

PROTEASE - é a enzima que se encontra no intestino das minhocas que quebram a proteína, a substância orgânica constituída por aminoácidos formados basicamente por hidrogênio, carbono, oxigênio e nitrogênio, ligados a outros elementos. A protease presente no sistema digestivo das minhocas age sobre a proteína de alimentos ingeridos, como resíduos de ração contidos no esterco animal.

PSICRÓFILO – é o tipo de microrganismo classificado por ter atividade favorecida em ambientes com temperatura entre 10 a 20 graus Celsius. Existem importantes espécies de bactérias, fungos e actinomicetos psicrófilos que desempenham importante papel na decomposição e transformação dos resíduos orgânicos em substrato para as minhocas.

PULADEIRA - é o nome vulgarmente dado a certas espécies de minhocas, principalmente as do gênero Amynthas, que saltam inquietamente à procura de algum abrigo que possa envolver seu corpo, sempre depois de molestada e desenvoltas à luz. A mais comum, a puladeira havaiana (Amynthas gracilis), é comumente encontrada em quintais e muito usada como isca pelos pescadores.

PULADEIRA-HAVAIANA – é a espécie de minhoca originária da Índia e de países circunvizinhos, classificada como epiendogéica por viver na camada superficial do solo mineral, onde encontra detritos orgânicos para se alimentar. Esta espécie (Amynthas gracilis), comum no solo brasileiro e muito usada como isca para pesca, é conhecida por puladeira por saltar em busca de algo que a envolva, sempre depois de removida de suas galerias.

PULADEIRA-TIGRADA – é o nome vulgar dado à espécie de minhoca Metaphire schamardae, originária da Ásia Ocidental, que vive preferencialmente nos extratos inferiores do solo alternando com acessos à sua superfície provida de matéria orgânica. Com potencial de uso como isca pela inquietude, resistência ao acondicionamento em potes e à beliscadura de peixes, esta minhoca da família Megascolecidae tem um bela pigmentação, listrada em verde brilhante.

PULSAÇÃO - é o movimento involuntário de contração e dilatação dos corações da minhoca que impulsiona para traz de seu corpo através do vaso ventral o sangue trazido pelo vaso dorsal. As pulsações da minhoca puladeira-havaiana (Amynthas gracilis), por exemplo, a vinte graus Celsius, se repetem de vinte a vinte e cinco vezes por minuto.

 

Afrânio Augusto Guimarães - zootecnista / MINHOBOX